A nova diretriz de avaliação cardiovascular perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) foi recentemente publicada com o objetivo de padronizar os procedimentos e garantir a segurança dos pacientes em cirurgias não cardíacas. A diretriz oferece orientações sobre a estratificação de risco, diagnóstico de complicações, tempo adequado para procedimentos cirúrgicos e locais apropriados para realização das intervenções, especialmente para pacientes de alto risco.
Principais Complicações no Perioperatório
No cenário perioperatório, as complicações mais graves incluem isquemia coronariana, tromboembolismo pulmonar e insuficiência cardíaca (IC). Estes eventos estão diretamente ligados ao aumento da mortalidade, maior tempo de internação e custos elevados. Pacientes mais idosos, frequentemente com múltiplas comorbidades, são particularmente suscetíveis, o que exige um acompanhamento interdisciplinar para minimizar os riscos.
Avaliação Pré-Operatória: Estratificação do Risco
Para cirurgias eletivas, a avaliação começa pela análise das condições basais do paciente e estabilização de situações de alto risco. A cirurgia deve ser adiada se necessário. Após a avaliação do estado do paciente, é essencial determinar o risco intrínseco da cirurgia, levando em conta a duração, o estresse hemodinâmico e a perda de sangue e fluidos. As cirurgias são categorizadas em baixo, intermediário e alto risco com base na natureza do procedimento e no estado do paciente, usando índices como o Revised Cardiac Risk Index (RCRI) e o AUB-HAS2.
Síndrome de Fragilidade e Riscos Associados
A síndrome de fragilidade, caracterizada por uma redução na reserva fisiológica, aumenta a vulnerabilidade do paciente a complicações perioperatórias. Instrumentos validados, como o Fenótipo de Fragilidade Física e o Índice de Fragilidade, são recomendados para uma avaliação detalhada. Com essas informações, médicos e pacientes podem tomar decisões mais informadas sobre o procedimento.
Exames Complementares Necessários
Os exames complementares são indicados com base no risco e nas condições clínicas dos pacientes. O eletrocardiograma (ECG) serve como um traçado basal em casos de suspeita de eventos cardíacos no pós-operatório. Outros exames, como ecocardiograma e teste ergométrico, são recomendados para pacientes com alta probabilidade de complicações e devem ser utilizados de forma criteriosa para evitar adiamentos desnecessários.
A nova diretriz busca proporcionar um cuidado mais seguro e personalizado, orientando a equipe médica a tomar decisões com base em dados concretos e nas melhores práticas. A avaliação perioperatória contínua e detalhada é essencial para otimizar os cuidados de saúde em cirurgias não cardíacas.
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