O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) tomou uma medida firme para proteger a privacidade e a integridade de pacientes e profissionais da saúde. Recentemente, o órgão determinou que políticos estão proibidos de entrar em áreas privadas das unidades de saúde sem autorização. A decisão foi motivada por casos recorrentes de invasões por parlamentares que, com câmeras ligadas, filmam pacientes e funcionários sem consentimento, adentram salas de atendimento e exigem a presença de médicos.
O presidente do Cremesp, Angelo Vattimo, destacou que essas situações vêm se tornando cada vez mais comuns no estado de São Paulo. Apesar de não haver estatísticas precisas sobre a frequência desses incidentes, os casos têm sido amplamente divulgados pela imprensa e nas redes sociais, gerando preocupação entre profissionais da área.
Um episódio trágico ocorrido em Felício dos Santos (MG) intensificou a necessidade de ação imediata. No dia 3 deste mês, o vereador Wladimir Canuto (Avante) invadiu uma sala restrita da Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade, interrompendo um procedimento cardíaco emergencial em um idoso de 93 anos. Infelizmente, o paciente não resistiu e faleceu durante a ação. A prefeitura local classificou a atitude do parlamentar como “abrupta e injustificada”, reforçando a necessidade de restrições mais rigorosas para evitar situações semelhantes.
Cremesp Define Medidas para Evitar Invasões
Diante desse cenário, o Cremesp encaminhou uma circular para os responsáveis técnicos das unidades de saúde com diretrizes claras sobre como proceder em casos de invasão por políticos. As principais recomendações incluem:
- Proibição de entrada: Autoridades políticas não podem acessar áreas privativas sem justificativa formal e permissão adequada.
- Acionamento imediato da Polícia Militar: Caso haja tentativa de invasão, a equipe deve contatar as autoridades de segurança para conter a situação.
- Registro de boletim de ocorrência: O incidente deve ser formalizado em uma delegacia para garantir que medidas legais sejam adotadas.
- Denúncia ao Cremesp: O conselho disponibilizou um canal de denúncias via WhatsApp, com atendimento 24 horas, para que profissionais possam relatar irregularidades.
Além dessas medidas, o Cremesp reforça a necessidade de capacitação contínua das equipes de saúde para lidar de forma adequada com abordagens de autoridades públicas. Segundo a entidade, é essencial que os gestores das unidades estejam cientes das diretrizes e garantam um ambiente seguro tanto para pacientes quanto para profissionais.
A invasão de espaços médicos por políticos não apenas desrespeita a privacidade e a ética médica, mas também pode comprometer atendimentos emergenciais, colocando vidas em risco. Com essa determinação, o Cremesp busca garantir que as unidades de saúde continuem sendo ambientes de cuidado, respeito e segurança para todos.