O Sistema Único de Saúde (SUS) está dando um passo histórico em direção à transformação digital. A partir de outubro, exames, diagnósticos, prescrições e tratamentos realizados tanto no SUS quanto na saúde suplementar estarão acessíveis em um só lugar: a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
Essa integração inédita entre a rede pública e os planos de saúde é uma iniciativa do programa Agora Tem Especialistas, em parceria com o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O objetivo é claro: oferecer mais eficiência no cuidado, reduzir custos com repetição de exames e garantir continuidade no tratamento, independentemente da rede de atendimento.
SUS e saúde suplementar unidos em uma só plataforma
A interoperabilidade entre os sistemas públicos e privados permitirá que os profissionais da saúde tenham acesso a um histórico clínico completo do paciente, o que aprimora diagnósticos e conduz a tratamentos mais assertivos. Além disso, os próprios pacientes poderão acessar suas informações com mais autonomia, por meio do aplicativo Meu SUS Digital, bastando o uso do CPF.
O acesso também será facilitado para profissionais e gestores da rede pública através das plataformas SUS Digital Profissional e SUS Digital Gestor. Essa mudança fortalece a governança digital do setor, consolidando o Brasil como referência mundial em saúde digital.
Dados organizados e segurança garantida
A expectativa é de que o volume de registros na RNDS salte de 2,8 bilhões para mais de 5,3 bilhões, à medida que os dados da saúde suplementar forem integrados. Essa inclusão será gradual: entre agosto e setembro de 2025, serão migrados os dados entre 2020 e 2025. A partir de outubro, os novos registros serão incorporados automaticamente conforme os atendimentos ocorrerem.
Importante destacar que o fluxo de dados será unidirecional. Ou seja, os planos de saúde enviarão os dados para a RNDS, mas o SUS não compartilhará seus dados com as operadoras, preservando a privacidade e o sigilo dos pacientes.
Mais transparência para a gestão pública
A nova configuração da RNDS também promete revolucionar a gestão do SUS, oferecendo informações detalhadas para os gestores formularem políticas públicas mais eficientes e direcionadas. A possibilidade de analisar dados combinados da rede pública e privada permite um planejamento mais preciso, focado nas reais necessidades de cada região.
Para o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, essa integração é um avanço estruturante que promove qualidade no cuidado, transparência na utilização de recursos e acesso direto às informações de saúde. “Dado é vida”, declarou. “E será essencial para organizar o SUS e estimular a pesquisa científica no país.”
Já a diretora-presidente da ANS, Carla de Figueiredo Soares, celebrou o protagonismo da agência na iniciativa. “Essa integração nos permite construir uma visão única da saúde da população brasileira, reforçando nosso papel de ponte entre o público e o privado.”
Oportunidades para médicos e profissionais de saúde
Com um volume de dados clínicos cada vez maior e integrado, médicos e especialistas poderão atuar com base em evidências mais completas, o que abre portas para pesquisas clínicas, inovação científica e desenvolvimento profissional. Para quem atua na área médica, esse novo cenário reforça a importância da atualização constante e da especialização para acompanhar as mudanças no setor.
Profissionais capacitados estarão mais preparados para interpretar e utilizar essas informações de forma ética e eficaz — uma realidade cada vez mais exigida na prática clínica moderna.